Este site utiliza cookies para que lhe possamos oferecer a melhor experiência de utilizador possível. As informações de cookies são armazenadas no seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você volta ao nosso site e, ajudar nossa equipa a entender quais as seções do site que considera mais interessantes e úteis.
Biografia
Que mundo é este
em que é preciso ser louco para fazer o que é certo?
Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches nasceu a 19 de julho de 1885, em Cabanas de Viriato (Carregal do Sal), localidade situada a cerca de 30 km a sul da cidade de Viseu. O pai, José de Sousa Mendes, terminou a carreira de juiz no Tribunal da Relação de Coimbra. A mãe, Maria Angelina do Amaral e Abranches, também da região, descendia da “Casa de Midões”, uma casa com tradições “liberais”.Aristides, juntamente com o irmão César, iniciou o curso de Direito, em 1902, na Universidade de Coimbra, e licenciou-se em 1907. Em 1910, ainda durante a monarquia, Aristides e César ingressaram na Carreira Diplomática.
Foi nomeado cônsul de 2ª classe, em 12 de Maio de 1910, em Demerara, Guiana britânica; em comissão de serviço na Galiza, em 19 de Julho de 1911; no Ministério, em 24 de Agosto do mesmo ano; cônsul geral em Zanzibar, em 26 do mesmo mês e ano, onde ficou até 2018, com exceção de parte dos anos de 2014 e 2015, que passou em Portugal, por motivos de saúde; cônsul em Curitiba, em 13 de Fevereiro de 1918; cônsul de 1ª classe, em 20 de Junho do mesmo ano; na disponibilidade, em 27 de Junho de 1919; gerente interino do Consulado em S. Francisco, em 11 de Junho de 1921, do Consulado no Maranhão, em 1924, do Consulado em Porto Alegre, em 21 de dezembro do mesmo ano; em serviço na Direção Geral dos Negócios Económicos e Consulares, por portaria datada de 29 de Janeiro de 1926; cônsul em Vigo, em 29 de Março de 1927; cônsul geral em Antuérpia, em 7 de Setembro de 1929; cônsul geral em Bordéus, em 1 de Agosto de 1938 1; na disponibilidade, por conveniência de serviço, em 27 de Julho de 1940; condenado disciplinarmente na pena de um ano de inatividade com direito a metade do vencimento da categoria, devendo em seguida ser aposentado – D.G., II Série de 18/11/1940; aguardando aposentação, em 20 de Março de 1941.
Aristides de Sousa Mendes foi condecorado, a título póstumo, pelo presidente da República Mário Soares, com o grau de Oficial da Ordem da Liberdade (1986) e com a Grande Cruz da Ordem de Cristo (1995); em 2017 foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Recebeu Honras de Panteão Nacional a 19 de outubro de 2021 (Ver notícia RTP). Foi, ainda, agraciado, como Comendador da Ordem da Coroa da Bélgica; Oficial da Ordem de Leopolda da Bélgica; 2ª classe da Estrela Brilhante de Zanzibar; Cruz de Mérito da Cruz Vermelha Portuguesa.
Dias de memória
27 Janeiro:
- Aniversário da Libertação do Campo de Concentração e Extermínio Nazi de Auschwitz-Birkenau em 1945
Proclamado como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto através da Resolução 60/7, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas dia 1 de novembro de 2005.
17 Junho:
- Dia da Consciência que evoca Aristides Sousa Mendes, que durante a II Guerra Mundial salvou milhares de pessoas em risco de perseguição e deportação para campos de concentração e extermínio Nazi
A celebração desta data tem dois objetivos: em primeiro lugar, prestar homenagem à memória das vítimas do Holocausto, em segundo lugar, promover o ensino sobre o Holocausto para prevenir futuros atos de genocídio, bem como manifestações de intolerância, antissemitismo, racismo e incitamento ao ódio e à violência.
“Recordar a memória de um português que ‘preferiu estar com Deus contra os homens do que com os homens contra Deus’, por ocasião do aniversário do nascimento de Aristides de Sousa Mendes, é dar público testemunho da gratidão, enquanto compatriotas, pelo seu legado” – Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
Da condenação à condecoração
1940
A 16 de junho de 1940, Aristides de Sousa Mendes encontra-se com o rabino Kruger que escapara a uma Polónia ocupada. Promete-lhe fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para persuadir o governo de Lisboa e, nessa mesma noite, acolhe o rabino Kruger em sua casa. No dia 17 de Junho de 1940, Lisboa nega os vistos aos refugiados judeus mas, de forma inesperada, Aristides de Sousa Mendes informa o rabino que irá emitir os vistos, pois sabia que os refugiados estavam condenados a morrer nos terríficos campos de concentração nazis.
De 17 a 19 de Junho, trabalha incessantemente na emissão de vistos, juntamente com dois dos seus filhos, sem parar sequer para comer. Nesses três dias, foram emitidos 30.000 vistos, contrariando as ordens expressas do ditador António de Oliveira Salazar.
A 4 de julho de 1940 foi aberto um processo para averiguar o que se havia passado no consulado de Bordéus.
No dia 30 de Outubro de 1940, por despacho de Oliveira Salazar, Aristides de Sousa Mendes seria condenado a um ano de serviço inativo com metade do vencimento a que se deveria seguir a sua aposentadoria. Contudo, no ano seguinte, é-lhe mantida a inatividade, por decreto de 20 de Março de 1941, por mais um ano.
1945
Novembro: Aristides de Sousa Mendes apresenta à Assembleia Nacional uma reclamação contra a condenação que lhe foi imposta.
1954
3 de Abril: Falece, em Lisboa, Aristides de Sousa Mendes.
1966
O primeiro reconhecimento veio de Israel, em 1966, que declarou Aristides de Sousa Mendes “Justo entre as Nações”.
1967
9 de Outubro, Nova lorque: o Cônsul-Geral de Israel entrega a Joana de Sousa Mendes (filha) a Medalha de Ouro dos Justos, do Yad Vashem, à memória de Aristides de Sousa Mendes (o único português que a detém) com a inscrição do Talmud: “Quem salva uma vida humana é como se salvasse um mundo inteiro“.
Jerusalém: o Museu de Yad Vashem – Memorial às Vítimas do Holocausto – homenageia Aristides de Sousa Mendes, plantando uma árvore em sua memória, na Floresta dos Mártires.
1974
12 de Agosto: Joana de Sousa Mendes apresenta uma petição de reabilitação da memória honrada de seu pai e de reparação dos danos materiais e morais que lhe foram injustamente causados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
1976
7 de Maio: um despacho do Ministro dos Negócios Estrangeiros determina que o assunto da petição de Joana Sousa Mendes seja tratado com urgência.
Junho: Nuno Bessa Lopes, diplomata em funções nos Serviços Jurídicos do MNE, apresenta um relatório em que propõe a reintegração e reclassificação (promoção) póstuma de Aristides de Sousa Mendes, recebendo os herdeiros os respectivos benefícios, a publicação de um livro branco, a concessão de uma condecoração póstuma e o desagravo público mediante uma resolução da Assembleia da República. Só dez anos depois o relatório foi dado a conhecer publicamente.
1986
Em Cabanas de Viriato, terra natal de Aristides de Sousa Mendes, é criada uma “Comissão de Homenagem ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes”.
1987
Washington, Embaixada de Portugal: o Presidente da República Mário Soares entrega à família de Aristides de Sousa Mendes a Ordem da Liberdade (no grau de Oficial).
1988
19 de Março: a Assembleia da República aprova o projeto de Lei, da autoria do deputado Jaime Gama, do Partido Socialista, reabilitando oficialmente Aristides de Sousa Mendes.
16 de Abril: o Diário da República publica o diploma de reintegração póstuma de Aristides de Sousa Mendes na carreira diplomática, com promoção a Embaixador.
1990
A cidade de Montreal (Canadá) dá o nome de Aristides de Sousa Mendes a um parque situado no seu centro.
1993
24 de Janeiro: a RTP, Canal 2, no programa Sinais do Tempo, exibe o documentário “O Cônsul Injustiçado”’, sobre Aristides de Sousa Mendes, de Diana Andringa, Teresa Olga e Fátima Cavaco (pode ser visto em Arquivos RTP (parte I e Parte II).
8 de Junho: o Presidente da República, Mário Soares, descerra uma lápide evocativa de Aristides de Sousa Mendes, na Sinagoga de Lisboa.
1994
29 de Maio, Bordéus, Jardim da Resistência: o Presidente da República, Mário Soares, descerra um busto de Aristides de Sousa Mendes, oferecido pela comunidade portuguesa residente em Bordéus (ver Arquivo RTP). É atribuído a uma das ruas, e a um importante liceu de Bordéus, o nome de Aristides de Sousa Mendes. O canal “France 3” exibe o documentário “O Cônsul Injustiçado”.
Maio, Israel, Deserto do Neguev: é plantada a “Floresta Aristides de Sousa Mendes”, com dez mil árvores.
1995
23 de Março, Lisboa: a Fundação Pro Dignitate, presidida pela Dr.ª Maria de Jesus Barroso, promove uma Homenagem Nacional a Aristides de Sousa Mendes, com a presença do Presidente da República, Mário Soares. No decorrer desta cerimónia, Aristides de Sousa Mendes é condecorado postumamente com a Grande Cruz da Ordem de Cristo.
25 de Março, Lisboa: a Fundação Pro Dignitate e o Metropolitano de Lisboa homenageiam Aristides de Sousa Mendes com uma medalha, da autoria de João Cutileiro, na Estação do Parque.
1998
17 de Novembro, Estrasburgo: o Parlamento Europeu homenageia Aristides de Sousa Mendes, atribuindo-lhe uma importante medalha/condecoração.
1999
Abril, Rio de Janeiro: a Câmara Municipal atribui a Condecoração da Cidade à memória de Aristides de Sousa Mendes.
Maio, Cabanas de Viriato: o Presidente da República, Jorge Sampaio homenageia Aristides de Sousa Mendes.
18 de Junho, Viseu: a Associação AVIS promove um Congresso de Homenagem a Aristides de Sousa Mendes. Em Cabanas de Viriato, junto ao jazigo onde repousam os restos mortais de Aristides de Sousa Mendes, D. António Monteiro, Bispo de Viseu, pede publicamente perdão, em nome da hierarquia da igreja, pela recusa de auxílio a Aristides de Sousa Mendes e à sua família, quando estes a solicitaram.
2000
23 de Fevereiro, Lisboa: escritura notarial de constituição da Fundação Aristides de Sousa Mendes.
27 de Março, Lisboa, Palácio das Necessidades: em cerimónia presidida pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Jaime Gama, são doados 50 mil contos à Fundação Aristides de Sousa Mendes.
2024
19 de julho, Cabanas de Viriato: em cerimónia presidida pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, é inaugurado o Museu Aristides de Sousa Mendes para “evocar os valores da tolerância e da paz, perpetuando o legado e a memória de Aristides de Sousa Mendes”.
Numa nota de imprensa, a Câmara Municipal de Carregal do Sal refere que este é o “renascer da Casa do Passal, lugar que guarda as memórias da família Sousa Mendes”.
“Memórias perpetuadas agora num local emblemático onde será retratada, a vida, o Homem e, em particular, o ato de heroísmo e o impacto do mesmo na história nacional e internacional”.